Os Mandamentos da Lei de Deus em detalhe


O código de comportamento de todo cristão, que deveria ser o de toda a sociedade, está consubstanciado nos 10 Mandamentos da Lei de Deus. Por isso, nunca é demasiado neles insistir, sobretudo numa época como a nossa, em que as noções mais básicas da doutrina cristã estão quase esquecidas.

Essa é a razão pela qual abordaremos nesta página tão importante assunto. Para esse fim, utilizaremos o Catecismo Maior, promulgado por São Pio X em 1905, “que conserva ainda hoje um sólido valor doutrinal e ascético, e bem se adapta à estrutura atual do ano litúrgico, não diferente do antigo em suas linhas fundamentais”. Realmente “constitui ele um documento histórico de perene valor exemplar para toda exposição do conteúdo doutrinal da fé”

Primeiro Mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas


“No início dos Mandamentos se diz ‘Eu sou o Senhor teu Deus’, para que conheçamos que Deus, sendo o nosso Criador e Senhor, pode ordenar o que quiser, e que nós, suas criaturas, somos obrigados a obedecer-Lhe.

“Com as palavras do primeiro mandamento — ‘não terás outro Deus diante de mim’ — Deus nos ordena que reconheçamos, adoremos, amemos e sirvamos só a Ele, como nosso supremo Senhor.

“Cumpre-se o primeiro mandamento com o exercício do culto interno e externo. O culto interno é a honra que se rende a Deus com as faculdades da alma, ou seja, com a mente e a vontade. O culto externo é a homenagem que se rende a Deus por meio dos atos exteriores e de objetos sensíveis.

“Não basta adorar a Deus somente com o coração, internamente, mas é necessário ainda adorá-Lo externamente, ao mesmo tempo com o espírito e com o corpo, porque Ele é Criador e Senhor absoluto de um e de outro.

“Do mesmo modo não pode haver de forma alguma o culto externo sem o interno, porque aquele, desacompanhado deste, permanece privado de vida, de mérito e de eficácia, como um corpo sem alma”.

Segundo Mandamento: Não tomar seu Santo Nome em vão

Este mandamento proíbe: “1º) de pronunciar o nome de Deus sem respeito; 2º) de blasfemar contra Deus, contra a Santíssima Virgem e contra os Santos; 3º) de jurar falsa ou desnecessariamente ou de qualquer modo ilícito.

“Pronunciar o nome de Deus sem respeito quer dizer pronunciar este santo nome e tudo que se refere de um modo especial ao mesmo Deus — como o nome de Jesus, de Maria e dos Santos — no momento de cólera, por escárnio ou de algum outro modo pouco reverente”.

Terceiro Mandamento: Guardar domingos e festas

Por este mandamento devemos “honrar a Deus com obras de culto nos dias de preceito”.

“O bom cristão santifica as festas: 1º) participando da Doutrina cristã, da pregação e dos ofícios divinos; 2º) recebendo freqüentemente e com boa disposição os sacramentos da Penitência e da Eucaristia; 3º) exercitando-se na oração e nas obras da caridade cristã com relação ao próximo.

“As obras servis que são proibidas nos dias de festa são aquelas ditas manuais, isto é, os trabalhos materiais nos quais trabalha mais o corpo do que o espírito, como aqueles que ordinariamente fazem os servidores, os operá­rios e os artesãos”.

Quarto Mandamento: Honrar pai e mãe

Esse Mandamento “ordena-nos a respeitar o pai e a mãe, obedecer-lhes em tudo que não é pecado e ajudá-los em suas necessidades espirituais e temporais.

“Esse Mandamento, sob o nome de pai e de mãe, compreende ainda todos os superiores, tanto eclesiásticos quanto seculares, aos quais portanto devemos obedecer e respeitar.”

Por sua vez, “os genitores têm o dever de amar, alimentar e manter seus filhos, de prover à sua educação religiosa e civil, de lhes dar bom exemplo, de os afastar das ocasiões de pecado, de corrigi-los em suas faltas e de ajudá-los a abraçar o estado ao qual são chamados por Deus”.

Também “devemos respeitar todas as leis que a autoridade civil nos impõe, contanto que não sejam contrárias à lei de Deus, segundo ordenou e disso nos deu exemplo Nosso Senhor Jesus Cristo”.

“Aqueles que fazem parte da sociedade civil têm, além da obrigação de respeito e obediência às leis, o dever de viver em concórdia e de empenhar-se, cada um com seus meios e com a própria força, para que essa seja virtuosa, pacífica, ordeira e próspera, para o proveito comum.”

Quinto Mandamento: Não matar

“O quinto Mandamento proíbe dar a morte, bater, ferir ou fazer qualquer outro dano corporal ao próximo, seja por si ou por intermédio de outra pessoa; como proíbe de ofendê-lo com palavras injuriosas e desejar-lhe mal. Deus proíbe também neste Mandamento dar a morte a si próprio, ou seja, suicidar-se.”

É pecado grave matar o próximo, “porque o que mata usurpa temerariamente o direito que Deus tem sobre a vida do homem; porque destrói a segurança do consórcio humano e porque tolhe ao próximo a vida, que é o maior bem natural que há sobre a Terra”.

Sexto e Nono Mandamento:

“O sexto Mandamento proíbe qualquer ato, qualquer olhar, qualquer palavra contrária à castidade, e também a infidelidade no matrimônio.

“O nono Mandamento proíbe expressamente qualquer desejo contrário à fidelidade que os cônjuges se juraram ao contrair matrimônio; e proíbe também qualquer pensamento ou desejo culposo de ação vedada pelo sexto mandamento.

“A impureza é um gravíssimo e abominável pecado diante de Deus e dos homens; avilta o homem à condição dos brutos, arrasta-o a muitos outros pecados e vícios e provoca os mais terríveis castigos nesta e na outra vida.

“Os maus pensamentos, mesmo sem atos, são pecado quando culposamente lhes damos motivo ou neles consentimos, ou se nos expomos ao perigo próximo de neles consentir.

“Para bem observar-se o sexto e o nono mandamentos, devemos rezar freqüentemente e de coração a Deus, ser devotos da Virgem Maria, Mãe da pureza, recordar-nos de que Deus nos vê, pensar na morte, nos castigos divinos, na Paixão de Jesus Cristo, guardar nossos sentidos, praticar a mortificação cristã e freqüentar com as devidas disposições os Sacramentos.”

Sétimo Mandamento: não roubar

“O sétimo mandamento proíbe tomar e reter injustamente a propriedade alheia, e de produzir dano ao próximo em sua propriedade de qualquer outro modo”.

É proibido roubar “porque se peca contra a justiça, e faz-se injúria ao próximo tomando e retendo, contra seu direito e sua vontade, aquilo que lhe pertence”.

Comete-se também injustiça contra o bem do próximo: “fazendo-o perder injustamente o que tem; danificando-o em suas propriedades; não trabalhando conforme o dever; não pagando, por malícia, as dívidas e mercado­rias; ferindo ou matando animais que lhe pertençam; danificando ou cuidando mal das coisas deixadas em custódia; impedindo alguém de obter um justo lucro; auxi­liando ladrões; recebendo, escondendo ou comprando bens roubados.

“Quem pecou contra o sétimo mandamento, não basta que se confesse, mas é necessário que faça o possível para restituir o bem roubado e sanar os danos causados.

“A reparação dos danos é a compensação que se deve dar ao próximo pelos frutos e lucros perdidos por causa do furto, e das outras injustiças cometidas em seu prejuízo”.

Oitavo Mandamento: não levantar falso testemunho

“O oitavo mandamento nos proíbe atestar falsamente em juízo; e proíbe ainda a detração ou murmuração, a calúnia, a adulação, o juízo e a suspeita temerários, e toda sorte de mentiras.

“A calúnia é um pecado que consiste em atribuir malignamente ao próximo culpas ou defeitos que ele não tem.

“Não é nunca lícito mentir, seja por brincadeira, seja para proveito, seja para vantagem de outrem, sendo a mentira coisa má em si.

“A mentira, quando é por gracejo ou oficiosa (para utilidade própria ou alheia, sem prejuízo para ninguém), é pecado venial; porém, quando é danosa, é pecado mortal se o dano que causa é grave.

“Quem pecou contra o oitavo mandamento, não basta que se confesse, mas é obrigado ainda a retratar-se de tudo quanto disse caluniando o próximo, e a reparar, do melhor modo possível, os danos que lhe causou.

“O oitavo mandamento nos ordena dizer sempre a verdade e interpretar no bom sentido, o quanto possamos, as ações de nosso próximo”.

Décimo Mandamento: não cobiçar as coisas alheias

Este mandamento “proíbe o desejo de privar outrem de seus bens e proíbe o desejo de adquirir bens por meios injustos”.

Por quê? “Deus proíbe os desejos desregrados dos bens do próximo, porque Ele quer que, mesmo internamente, sejamos justos e nos mantenhamos cada vez mais longe das obras injustas.

“O décimo mandamento nos ordena que nos contentemos com o estado em que Deus nos colocou, e sofrer com paciência a pobreza, quando Ele nos quer nesse estado.

“O cristão pode estar contente, mesmo no estado de pobreza, considerando que o maior bem é a consciência pura e tranqüila, que a nossa pátria verdadeira é o Céu, e que Jesus Cristo fez-se pobre por nosso amor e prometeu um prêmio especial a todos aqueles que suportam com paciência a pobreza”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário